quinta-feira, 30 de abril de 2009

Secretário de Cultura de Maragogi fala sobre as potencialidades de sua região


Jadson Almeida ainda quer executar projetos ousados, como oficinas de aptidão para crianças e o registro dos patrimônios imateriais do município

“Só se cria expectativas quando há dúvidas”. Essa é uma das frases que foram ditas num bate papo com o secretário de Cultura de Maragogi. Jadson Almeida, o Jacó, como é conhecido por todos, diz que ao saber que o projeto Autorretrato escolheu as crianças de Barra Grande para as oficinas, percebeu que essa era uma grande oportunidade para iniciar um processo de descoberta de talentos, entre os estudantes da comunidade. Responsável pela pasta de cultura desde janeiro, Jacó sabe das limitações e das dificuldades para tocar uma secretaria num município onde às potencialidades são atribuídas apenas ao turismo. “Sei que os folguedos de Maragogi já foram por demais desgastados, nunca contaram com apoio nem o respeito devido, mas quero mudar essa realidade”, confessa.

O secretário elaborou um plano de ação ousado para sua gestão. “No meu projeto estão incluídos cursos de aptidão, quero que as crianças descubram seus talentos, mas para isso é preciso contato, farei todo o possível para dar continuidade e estimular propostas que estejam voltadas para elas”, explica. Um ponto importante salientado por Jacó foi à relação entre identidade cultural local. “A televisão foi uma invenção maravilhosa, mas tira as pessoas do ar, o que é até contraditório. É preciso que os cidadãos questionem sobre sua identidade natural e os seus papéis nas comunidades onde residem, infelizmente, muitos habitantes de Maragogi ainda não sabem explorar as potencialidades que nossa terra possui”, confessa.

Objetivos para a gestão – O secretário pretende durante sua gestão, entre outras atividades, fomentar produções voltadas para o público infantojuvenil, através de oficinas e cursos de teatro, artesanato, além das mídias digitais. Jacó quer ainda deixar registrado como patrimônios imateriais os folguedos do samba de matuto e do bumba meu boi.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Na mira da tecnologia

Professora Aurenita mostra a fotografia para sua filha - Imagem da colaboradora Carolina Cabral

Enquanto as crianças descobrem ferramentas do mundo digital, a geração mais velha quer aprender a navegar pela era virtual para trocar informação e conhecimento

“No meu tempo as coisas não eram tão fáceis como agora”, diz a professora Aurenita Pimenta. Curiosa tal e qual os pequenos, a paciente senhora participou ativamente das oficinas e ainda arriscou produzir algumas imagens. “Fico vendo tudo, não é tão difícil quanto parece”, declarou. A professora, assim como todas as suas colegas de ofício do povoado de Barra Grande fazem parte de um perfil da geração social que precisa voltar a ocupar as salas de aula como estudantes, para conhecer o que a tecnologia é capaz de oferecer, principalmente para acompanhar a linguagem a nova geração, que não para de avançar. “Antigamente minha filha queria uma bicicleta, hoje ela me pede um computador”, fala Aurenita, animada ao lado da filha. “Agora não é só ela que quer, eu também estou bastante interessada em aprender como navegar na internet e usar a máquina”, contou.

Para a diretora da Escola Esperidião Durval, Lindalva Rafael – que também não vê à hora de voltar à sala como aprendiz – a oportunidade dela, assim como a de todas as educadoras do povoado, está mais próxima de acontecer do que nunca. O programa Proinfo, do Ministério da Educação, deve instalar na comunidade nas próximas semanas, 20 computadores, sendo 10 em cada escola e todos com internet. O MEC ainda custeará um monitor para ajudar no aprendizado de programas, além de ensinar as crianças ferramentas de navegação. “Vamos nos juntar para tirar um tempinho para aprender, pegaremos no pé desse professor que já prometeu ajuda”, declarou a diretora, que contou com apoio de todas as professoras. “A ansiedade é geral, estamos cansadas de ficar de fora das novidades que só o mundo virtual oferece, fico boba só de ver como meu filho já sabe tudo enquanto eu ainda estou bem longe de compreender do que se trata”, disse a educadora Nazaré de Lima.


Educadoras vão ter acesso a computadores em breve - Foto da professora Aurenita Pimenta

Professoras e secretário de Cultura posam para as fotos - Imagem de um dos alunos

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Crianças de Barra Grande descobrem folguedo


Uma das idealizadoras do pastoril de Maragogi conta como a casualidade transformou um coral num grupo de dançarinas de um dos folguedos mais tradicionais do nordeste. Novidade é aprovada e emociona os pequenos

Patrícia Machado

Que muitas das crianças envolvidas no projeto autorretrato não soubessem ou nunca tivessem manuseado um câmera digital tudo bem, os organizadores esperavam por isso. Mas o fato de que nenhum dos pequenos jamais tinha visto a apresentação de um folguedo bastante popular no nordeste, que existe e se apresenta em seu município há dois anos, pegou os coordenadores de surpresa. Organizado por duas mulheres que nunca experimentaram o prazer de dançar o pastoril durante suas infâncias, Cícera Ferreira e Marilene Cândido hoje se desdobram para manter viva a tradição de seus antepassados que ainda estão presentes, mas precisam passar adiante este conhecimento, para a brincadeira não cair no esquecimento.

O grupo – As senhoras acima frequentam e realizam atividades na mesma paróquia há muitos anos. “Esperava as crianças na porta da igreja para o ensaio do coral, quando Marilene passou e me cumprimentou. Comentei sobre a blusa azul que ela estava vestida, na mesma hora ela falou de minha camisa, que era vermelha. De repente, as duas pensaram sobre aquelas cores e veio a idéia: vamos criar um pastoril aqui!”, descreve Cícera, explicando que em seguida houve a elaboração do caderno de ouro, que serviu para batizar a criação do grupo e pedir ajuda financeira aos padrinhos, que assinaram atestando a contribuição para a compra das roupas das dançarinas. “Procuramos todas as pessoas da cidade, cada uma deu o que pôde”, diz Cícera. Ela ainda lembra que durante o primeiro ano aprendeu todas as músicas com dona Dudé, senhorinha considerada um dos patrimônios culturais imateriais de Maragogi e que infelizmente é pouco popular a nova geração. “Íamos para a sua casa fazê-la lembrar das cantigas, com um caderninho anotávamos tudo para passar as alunas”, lembra Cícera.

Um ano depois de muitas apresentações cantadas apenas no gogó, o pastoril ganhou um CD. “Com fundo musical fica mais fácil, as meninas não se esforçam tanto”, revela à organizadora, que na ausência da companheira Marilene observa todos os passos das pupilas. Perguntada sobre a popularidade do folguedo entre os pequenos, Cícera fica satisfeita e diz que ele é muito bem aceito entre as crianças. “Não temos dificuldade em encontrar meninas que se interessem pelo pastoril nem deficiência de público para prestigiar as apresentações”, relata. As maiores dificuldades do grupo são sem dúvida, a falta de incentivo dos gestores. Como não cobram cachê, tudo sempre depende de quanto se arrecada durante um evento. “Aceitamos qualquer quantia, o que vale é ajudar. Além da disputa de cordões – característica da brincadeira – está a vontade de manter e dar continuidade a esta manifestação cultural de nosso local”, declara Cícera. O pastoril é dançado o ano todo, mas é no período do natal e na festa do padroeiro da cidade, em abril, que o grupo realiza o maior número de apresentações.

Em Barra Grande – Os olhares curiosos para a novidade quebraram algumas expectativas que as crianças fizeram no que poderia significar pastoril. “Achava que era um pastor com ovelhas”, disse o pequeno Thierry dos Santos. Ao ser anunciada a apresentação e os fotógrafos preparados para atuar, houve total concentração de todos. As garotas foram retiradas da dança para posarem as lentes, as coreografias foram acompanhadas passo a passo, e os resultados podem ser conferidos nas quatro imagens selecionadas para a exposição. “Fiquei tão emocionado, com vontade de chorar”, revelou Miquéias Silva Santos. Ao final, muitos deles compreenderam a disputa dos cordões, e o papel das personagens no folguedo, alguns até declaravam com segurança suas preferidas. “Se tivesse 01 real colocava na cesta da florista”, disse Wesley Nascimento. As modelos fotografadas por nossos pequenos artistas não serão apenas vistas pelos outros, o grupo receberá um CD com as melhores poses captadas. Uma das maiores aspirações deste projeto é que todos os envolvidos se percebam personagens de seu próprio lugar e tempo. A satisfação sem dúvida é presenciar e colaborar para interações entre todas as conexões, usando a tecnologia para combinar a nossa diversa cultura popular, seja ela digital ou tradicional.
Imagem da colaboradora Marília Barbosa

Fotografia feita por um dos alunos

domingo, 5 de abril de 2009

Barra Grande apresenta seus autorretratos

As imagens selecionadas abaixo vão compor a mostra fotográfica nas escolas do povoado a partir do dia 18 deste mês. Em seguida o núcleo de informações turísticas de Maragogi também vai receber a exposição


Fotografia de Alexsandro Hugo de Lima Santos, 08 anos

Imagem de Natália Silva Ferreira, 10 anos

Fotografia de Wesley Ruan Nascimento Santos, 08 anos


Foto de Thierry Gabriel dos Santos, 08 anos


Foto de Suelida Melo de Oliveira, 11 anos


Foto de Willamis da Silva, 11 anos

Foto de José Messias da Silva, 13 anos


Fotografia de Mikésia Sunamita da Silva Santos, 08 anos

Imagem de Nelson Felipe Lira da Silva, 11 anos


Fotografia de Keliane Maria dos Santos, 12 anos



Imagem de Luana Maria, 11 anos


Imagem de Jaqueline Silva, 10 anos


Fotografia de Evandro Vinicius Marques, 11 anos


Fotografia de Ana Paula da Silva, 11 anos


Fotografia de Eronildo francisco, 10 anos

Imagem de Jackeline Maria dos Santos, 12 anos

Foto de Miqueias Melquezedeque da Silva Santos, 09 anos


Imagem de Bruna Nataly Santos de Freitas, 07 anos


Fotografia de Ascânio Gabriel, 08 anos

Imagem de Jaíssa Santana Ferreira, 08 anos

Foto de Iasmini Maria da Silva Souza, 12 anos


Imagem de Claudionor Emílio, 12 anos


Foto de Ayla Tainá Silva, 08 anos

Fotografia de Amara Patrícia Lira da Silva, 12 anos


Imagem de Wilker Moreira da Silva, 07 anos


Foto de Iasmim Maria da Silva Souza, 12 anos

Fotografia de Paulo Henrique da Silva, 14 anos


Imagem de Bruno Silva Araújo, 13 anos

Foto de Alaíde Gomes, 09 anos

O que tem Barra Grande?

Barra Grande tem...


Mar
mangue
pesca
jangadas

barcos
Siri mole
sargaço


Lagostin
Educadoras
Bumba meu boi
pastoril


flores
amores
búzios
Crianças
coqueirais

Jogo de bola
Faixas de areia
coco
artesã
Corais
Curral de pesca
Peixes
redes
diversão
brincadeira
Simplicidade
Música
vendinha

Criatividade
Resistência
Caiçara
Estrela do mar
Colorido
água
Alegria




amor

Esperança
céu azul
pula corda
Sol

...por isso ela é a nossa cara!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Primeira parada: Barra Grande



Marília Barbosa - fotógrafa colaboradora do projeto

Enquadrar o mundo em vários ângulos


Crianças aprendem a fotografar e observar os aspectos culturais de sua região

Patrícia Machado

No povoado, o bumba meu boi pede a atenção de quem passa na porta do distrito de Barra Grande – no município alagoano de Maragogi. Lá, dezenas de crianças crescem atentas as belezas do local e estão prontas para lhes apresentar o seu mundo. Foi nesse pedaço de litoral que o Autorretrato – O nordeste que é a nossa cara começou a dar seus primeiros passos. O projeto aprovado pelo edital BNB Cultural 2009 oferece oficinas de fotografia para crianças de 8 a 13 anos, espalhadas pelas cinco regiões de Alagoas, em municípios e povoados registrados no programa Territórios da Cidadania, do governo Federal. São descendentes de quilombolas e indígenas, sertanejos, filhos de pescadores do mar ou ribeirinhos que apresentam e representam suas histórias nas lentes das câmeras.

Em Barra Grande - Os primeiros contatos dos pequenos com a equipe foram tímidos. Aos poucos os organizadores foram desmontando os equipamentos, a curiosidade e o interesse pela novidade não deixou que ninguém ficasse indiferente. Passadas as primeiras horas, já havia o que compartilhar. As histórias relatadas foram captadas e apreciadas por todos os envolvidos no projeto. “Minha mãe não queria que eu viesse, quando ela era pequena foi participar de uma coisa na escola e não gostou, aí ficou com medo que eu achasse ruim também”, conta a pequena Amara Patrícia, de 12 anos que olha ao redor atenta, disposta a não perder nenhum lance. “Ainda bem que não deixei de vir, estou adorando”, comenta. Os meninos e meninas participantes foram escolhidos de forma muito peculiar pelas diretoras das escolas municipais do povoado. Na Escola Antônio Verçosa, a diretora fez questão de convidar aquelas com perfil de grande criatividade e dinamismo. Já a Escola Esperidião Durval selecionou crianças com históricos sociais vulneráveis, que tem dificuldade de relacionamento com os colegas e baixo interesse no aprendizado de sala de aula.

Mesmo com toda a mistura de contextos, a interação foi harmoniosa e os resultados muito animadores para os coordenadores do projeto, professoras e diretoras das escolas. Com um pouco de informação sobre manuseio e as máquinas na mão, lá foram elas nos apresentar todo o contexto existente no povoado, não deixando nada de fora. O cartão postal máximo – a praia – disputou espaço com todos os elementos em comum das crianças, e as primeiras fotos avaliadas impressionaram pela criatividade dos ângulos e ótica dos garotos. As oficinas em Barra Grande ainda acontecem no próximo final de semana. Depois, cada criança terá sua melhor fotografia impressa, uma é para ela e outra vai compor a exposição montada nas duas escolas, além disso, todas receberão um DVD com seus melhores cliques. Depois das oficinas serem realizadas em todas as localidades, as melhores imagens devem compor uma mostra em Maceió e Arapiraca. O público vai escolher as fotografias que vão virar cartões postais e marcadores de livros. O maior objetivo deste projeto é despertar o olhar cultural dos pequenos para dentro das comunidades, elevar a estima dos habitantes e inserir tecnologia através das novas gerações.


Imagem de Jaqueline Silva, de 10 anos - Criatividade no angulo selecionou a foto para postal

Fotografia de Bruno Silva, 13 anos


Foto do pequeno Tierry, de 08 anos


Imagem de Iasmini Maria, 12 anos



Fotografia de Weslei Ruan, 8 anos